Esse é um post muito importante! Chegamos a centésima discografia disponibilizada no blog! Para comemorar este feito, eu não poderia fazer outra coisa senão "puxar sardinha" pros lados do meu estado!
O início das atividades do Sarcófago datam de 1985. Porém, a história da banda começou um pouco antes, tendo suas raízes em outro gigante do Metal brasileiro: o Sepultura. Wagner Lamounier, fundador do Sarcófago, conheceu Igor e Max Cavalerano colégio e logo entrou para a banda dos colegas. O Sepultura, que na época começava a trilhar seu caminho rumo à explosão mundial, tinha em sua formação original Wagner Lamounier (vocal e guitarra), Max Cavalera (apenas nas guitarras e vocais de apoio), Jairo Guedez (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Igor Cavalera (bateria). Mesmo antes da gravação do primeiro disco, Wagner acabou discutindo com todos os integrantes na saída de um festival de Metal em Belo Horizonte e deixou o Sepultura.
Com sua saída do Sepultura, Wagner fundou o Sarcófago ao lado de Gerald "Incubus" Minelli (baixo), Zeber "Butcher" (guitarra) e Eduardo "D.D. Crazy" (bateria). Nesta época, Wagner já utilizada a alcunha de "Antichrist". Após os lançamentos de algumas demos e da participação no Split CD Warfare Noise (1986), ao lado de outros expoentes importantes da música pesada mineira, como o Holocausto, o Sarcófago partiu para a gravação do seu primeiro disco, I.N.R.I., lançado em 1987, um clássico absoluto da música pesada brasileira e considerado por muitos como um dos melhores discos deDeath/Black Metal do mundo! Se analisarmos este disco agora, mais de 20 anos após o seu lançamento, podemos conferir o pioneirismo dessa banda!
Se não bastasse a estréia monstruosa que tiveram, o Sarcófago conseguiu se superar em seu segundo trabalho, Rotting de 1989. O sucessor de I.N.R.I. trouxe uma banda mais enxuta, tanto no visual que dispensou o corpse paint, o couro e as correntes, quanto na quantidade de integrantes, já que se apresentava reduzido ao trio formado por Antichrist, Gerald Minelli (baixo e Manoel "Joker" (bateria). O destaque começa pela polêmica capa, que foi censurada nos Estados Unidos. Liricamente, as faixas de Rotting mostram uma banda mais coesa e com temas que a aproximava do Sodom e a distanciava doVenom. O disco apresenta um Death/Black Metal igualmente brutal, mas não tão veloz quanto em I.N.R.I., fato este influenciado pela entrada de Joker na bateria e por Wagner ter acumulado as funções de vocalista e guitarrista. Músicas como Rotting e Sex Drinks & Metal mostravam a força da banda que progredia a olhos vistos. Com este disco a banda que já era comentada nos EUA conquista fãs na Europa. Contrariando a cena brasileira à época, o Sarcófago seguiu apostando no Death Metal brutal, enquanto a maioria das bandas brazucas, como o Sepultura, investiam no Thrash Metal.
Em The Laws Of Scourge (1991) voltam a ser um quarteto, com Vagner, Gerald e as entradas de Fabio Jhasko (guitarra) e Lucio Oliver (bateria). Contavam ainda com um músico convidado, Eugênio "Dead Zone" (teclado) e com a participação de Claudio David (Overdose) como vocal de apoio nas faixas Midnight Queen e Screeches From The Silence. A temática Black Metal é deixada um pouco de lado durante esta fase. Com este disco o Sarcófago ganha status de grande banda, e aumenta a rivalidade com o Sepultura. Rivalidade esta, que chegava aos fãs, pois quem gostava de Sarcófago odiava o Sepultura e vice-e-versa, algo que gerou diversos conflitos em festivais por muitos lugares do Brasil.
Após uma turnê na Europa, a banda começa a passar por problemas, mas ainda solta um EP chamado Crush, Kill, Destroy (1992). Esta canção se torna um clássico da banda. Mesmo com o vento soprando a favor, a crise na banda chega ao ápice com a saída de Fábio e Lúcio. Wagner e Gerald ao invés de arrumar novos integrantes, resolvem gravar sozinhos com a ajuda de uma bateria eletrônica e teclados arranjados por Eugênio.
Em 1994, voltam a usar maquiagens monstruosas e blasfemar nas letras e com esta temática, lançam Hate. Um disco considerado pela mídia como um regresso da banda, pois abandoram a fase mais "light" que estavam atravessando.
Mostrando estas duas vertentes, a Cogumelo Records solta uma coletânea dividida em meio a meio. Decade Of Decay, lançada em 1996, contém em suas faixas um misto com o Black sujo e agressivo do início de carreira, e o death pesado e técnico que lhes dera destaque.
Ainda em 1996, vem o disco The Worst, em que apesar de utilizar a bateria eletrônica, a idéia de alta velocidade fora abortada. Neste período, a mídia já dava apelidos à banda, coisas como estranhos ou irrotuláveis.
Em 2000 saiu o último registro do Sarcófago, o EP Crust, que lembra o famigerado Hate, pois é violento e extremamente rápido. Após este lançamento, a banda encerrou suas atividades. Hoje em dia, Wagner Lamounier é professor de ciências econômicas da UFMGe Geraldo Minelli atualmente trabalha com o ramo de joalheiria.
O Sarcófago é extremo na sua música, na sua postura e nas suas letras. E as reações ao seu legado seguem essa tendência, fazendo com que essa lenda seja até hoje amada e odiada com a mesma intensidade.