Samael

Essa é uma daquelas bandas que se tornaria impossível definir por apenas um estilo. Assim como nomes como Therion, Paradise Lost, Anathema, etc, mudaram drasticamente em relação ao seu som original, o Samael, foi no mesmo caminho, mas sem perder a essência da temática e da sonoridade que os consagrou. Ao longo de tantos anos de carreira, se há um defeito que não pode ser colocado na banda, esse deve ser a falta de ousadia, pois sempre deixaram que suas idéias definissem o direcionamento que seus trabalhos viriam a ter. Algumas decisões podem até ser questionáveis, caso do qual também sofreram os nomes listados acima, mas no geral, os caras merecem um destaque especial no cenário da música pesada mundo a fora.
O Samael foi fundado em 1987, na Suíça, pelos irmãos Vorphalak "Vorph" (vocal e guitarra) e Xytras "Xy" (bateria e teclados). No início, Xy era o baixista e Pat Charvet o baterista. O conjunto tinha como suas maiores inspirações, o conterrâneo Celtic Frost e o ícone do Black Metal Venom. Não por acaso, a sonoridade do Samael era voltado para o Metal Negro, algo que pode ser percebido até mesmo em seu nome, que representa um demônio cujo significado é veneno de Deus.
Em 1988, sai o compacto Medieval Prophecy, financiado pela própria banda. Após esse lançamento Pat deixa a banda e Xytras assume também a bateria.
O conjunto buscou fechar seu primeiro contrato, mas somente a pequena gravadora francesa Osmose Records, se interessou por eles. Sem uma proposta melhor, acabaram fechando com a Osmose e lançaram em 1991, o seu debut Worship Him.

Pelas limitações técnicas e financeiras da gravadora, o disco teve uma produção precária e ficou longe de demonstrar o verdadeiro talento do Samael. Ainda assim, Worship Him fez bastante sucesso no cenário underground e fez com a banda conseguisse um contrato melhor, desta vez com a gigante Centuty Media.

No ano seguinte, já com Masmiseim "Mas" no baixo e Rodolphe H. nos teclados, Xy passou a dedicar-se exclusivamente às baquetas, ou que lhe deu mais tempo para auxiliar nas composições, o que o tornou a principal mente por trás da sonoridade da banda.
Com essa formação, lançam Blood Ritual em 1992, trabalho muito superior ao seudebut, em todos os sentidos, até mesmo a arte da capa é incomparável. Com a adição de Rodolphe H., o Samael pode criar um clima mais sombrio e denso, o que causou um enorme alvoroço na época, pois eram elementos pouco utilizados por outras bandas do estilo.
A gravadora decidiu investir pesado na banda, lhe dando mais espaço e condições melhores de trabalho. O resultado foi o brutal Ceremony Of Opposites de 1994. As excelentes Mask Of The Red Death e Flagellation, são belos retratos do trabalho e da excelente mistura do Black Metal clássico com elementos sinfônicos. Sem dúvida, o álbum é um dos lançamentos mais relevantes do estilo, pois serviu de parâmetro para o que outros conjuntos iriam desenvolver posteriormente.
Com uma formação, bem diferente, com a entrada de Frédéric Minuti "Kaos" na guitarra e a saída de Rodlphe H., o que fez com Xytras novamente ficasse a cargo dos teclados, o conjunto lançou o álbum Passage, em 1996.

Se Ceremony Of Opposites marcou o fim de uma era, iniciada em Worship Him, Passage marcaria o início de outra fase da banda.
O vocal de Vorph estava diferente, menos rasgado e Xy investiu pesado na utilização de sintetizadores. Estava claro que aquilo não era simplesmente Black Metal, era algo novo, mais acessível, o que acabou desagradando os fãs mais extremistas, mas fez com o que aquela novidade chamasse a atenção de outras pessoas. Enquanto Ceremony Of Opposites pode ser considerado um dos marcos do Symphonic Black Metal, Passage é uma das raízes do Industrial Metal.

Após o lançamento do disco, a banda dá um tempo, pois Xy passa a dedicar-se à carreira de produtor, produzindo dois álbuns do Rotting Christ: A Dead Poem (1997) e Sleep Of The Angels (1999).

Em seguida, o Samael retorna com Eternal, ainda 1999. O álbum apresenta ainda mais influências eletrônicas, sendo que até mesmo a bateria está cheia de efeitos. O baixo é inaudível e a guitarra preterida pelos teclados. Alguns elementos de Black Metal ainda se fazer presentes, sendo que a junção de tais estilos fez surgir um Industrial Black Metal(nem sei se isso existe, mas é a melhor definição para o som de Eternal).
Kaos, deixa a banda em 2002, sendo substituído por Makro "Mak", sendo a formação composta por Vorph (vocal), Mak (guitarra), Mas (baixo) e Xy (bateria, teclados e sintetizadores) a que permanece até os dias atuais. Em 2004, lançam mais um álbum de inéditas, dessa vez com Reign Of Light. O álbum continua com a fusão do Metal com a música eletrônica, com grande maestria. Aqueles que se interessam apenas por um som mais tradicional, devem passar longe desse álbum, bem como da fase mais moderna do Samael. Já os ouvintes com a mente mais aberta, podem se deliciar com esse trabalho. Ah! E não é por se estar falando de Metal com influências de música eletrônica, que deve se comparar o Samael com Rammstein, por exemplo, pois a banda suíça dá uma surra nos alemães.
Era One, de 2006, foi gravado com um projeto solo de Vorph e Xy, mas logo em seguida, acabou sendo lançado pela gravadora como um projeto da própria banda, embora não faça parte de sua discografia como um álbum de estúdio.
Em Solar Soul de 2007, o Samael demonstrou que estava interessado em retornar à sonoridade de Passage, bem como recuperar elementos de seu passado, o que fez com o disco tenha momentos mais tradicionais, como na faixa-título, em Promised Land e emSlavocracy, e momentos mais modernos, como em Western Ground e Aliance. O álbum tem as participações especiais de Vibeke Stene (ex-Tristania) na faixa Suspended Time e Sami Yli-Sirniö (Kreator) tocando cítara (!!!) na faixa Quasar Waves.

O álbum Above, de 2009, surpreendeu a todos e foi um verdeiro tributo ao som do Samael em seu início de carreira, até mesmo a produção remete ao som das bandas de Black Metal do início dos anos 90. Alguns criticaram o álbum por dizer que a banda não estava sendo verdadeira, o que é uma injustiça, pois o conjunto nunca ligou para as tendências, nem para a opinião dos outros, fazendo sempre aquilo que lhes interessava.
Lux Mundi lançado em 2011, último disco do conjunto até o momento, mostrou que a sonoridade explorada em Above, ira ter continuidade, já que o álbum se afasta ainda mais do Industrial, investindo num som mais direto e eficiente.
Conforme exposto no começo do texto, o Samael não teve medo de inovar e explorar novos elementos. Ainda que alguns trabalhos sejam distantes do Metal tradicional, é certo que o conjunto auxiliou no surgimento do Symphonic Black Metal e do Industrial Metal, o que faz com que sua obra seja obrigatória para qualquer fã desses estilos.

Into The Infernal Storm Of Evil (Demo) - 1987

01 - Intro

02 - The Messenger Of The Light

03 - The Knowledge Of The Ancient Kingdom

04 - Into The Dark